1º e 2º EM conversam sobre racismo e intolerância religiosa em parceria do Anglo com o Coral Ecumênico

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1º e 2º EM conversam sobre racismo e intolerância religiosa em parceria do Anglo com o Coral Ecumênico

1º e 2º EM conversam sobre racismo e intolerância religiosa em parceria do Anglo com o Coral Ecumênico

2 de junho de 2022

Os alunos do 1º e 2º ano do Ensino Médio participaram, no dia 30 de maio, de uma das atividades do projeto “Na corda bamba do samba”. Aqui no Colégio, as turmas conversaram sobre racismo e intolerância religiosa com os convidados João Paulo Diogo, Márcia D’Ogum e Joel Zeff, além de assistir a uma apresentação artística do Coral Ecumênico da Bahia.

O encontro começou com a apresentação de um trecho do espetáculo musical “Na Corda Bamba do Samba”. No palco, os atores cantaram, dançaram e levantaram reflexões sobre temas como sincretismo e intolerância religiosa e racismo.

Em seguida, os convidados subiram ao palco para um bate-papo com os alunos. A iyalorixá Ìyá Márcia d’Ògún afirmou que o preconceito e o ódio contra o Candomblé vêm da falta de informação. “Apesar de ser uma religião brasileira, o Candomblé tem origem africana, tem origem no povo preto, e muitos pensam que tudo que vem de preto é negativo. Quando a gente fala sobre racismo religioso, não existe nada mais importante do que palavras e ações de respeito. Por isso, eu venho falar com vocês com muita satisfação porque acho que é uma oportunidade de desfazer coisas que foram construídas por conta do ódio”, disse.

O pastor Joel Zeferino questionou como é possível odiar o que não se conhece. “Por que uma pessoa consegue odiar alguém por causa de convicções religiosas que ela nem conhece? O que elas conhecem é uma versão propagada por pessoas que têm a intencionalidade de fazer com que aquela religião seja mal vista. E é assustador que a gente tenha que falar sobre isso no Brasil de hoje. A gente já caminhou tanto e ainda há quem não entenda que todas as pessoas são dignas de respeito. O caminho para combater esse ódio é a aproximação, a gente precisa se escutar sem ouvir as vozes da cultura dominante, das estruturas que fazem com que a gente se enrijeça em posições já definidas antes mesmo da gente nascer”, ressaltou.

O documentarista João Paulo Diogo focou sua fala no racismo estrutural e lembrou que, na nossa sociedade, há códigos estabelecidos de forma historicamente equivocada, determinando que existem pessoas superiores e inferiores. “Temos o desafio de pensar o outro como igual. Em algum momento, alguém falou que o outro era diferente por causa da cor da pele e muitos começaram a acreditar nisso piamente. Acreditaram tanto que começaram a sabotar o outro. O racismo está relacionado ao código cultural de cada país. No Brasil, quanto mais escura a cor da pele, mais a estrutura racista do Estado te impede de acessar direitos e te coloca em situação de risco”, pontuou.

O projeto – O Anglo é um dos patrocinadores do “Na Corda Bamba do Samba”, através da Lei Viva Cultura da Fundação Gregório de Matos. O projeto, uma realização do Coral Ecumênico da Bahia, em parceria com o Coletivo4 e a produtora Cultura TAO, propõe tratar temas delicados como racismo, feminicídio, LGBTQIfobia e intolerância religiosa tendo como fio condutor a cadência do samba. O projeto realizou oficinas artísticas para os coralistas, palestras abertas ao público e, a próxima etapa, é a montagem do espetáculo musical.

Ìyá Márcia d’Ògún – Iyalorixá do Ilê Axé Ewá Olodumare. É professora aposentada, presidenta do Conselho Municipal de Política Cultural de Salvador, membra da RENADIR, Rede Nacional de Diversidade Religiosa e Laicidade e da Rede de Mulheres de Terreiro da Bahia.

Pastor Joel Zeferino – Pastor na Igreja Batista Nazareth desde 2004. Membro da Aliança de Batistas do Brasil (ABB), que integra o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC. Atual Presidente do Conselho Latino Americano de Igrejas, Região Brasil.

João Paulo Diogo – Documentarista, Assistente Social, Especialista em Direito dos Povos e Comunidades Tradicionais. Pesquisador de Relações étnico-raciais, Juventude e Ciências da Prevenção. Atua junto à ONU, no Conselho Nacional de Justiça.

Com informações da Assessoria de Comunicação do projeto “Na corda bamba do samba”