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A tirania da imagem e o fracasso da conversação foram alguns dos temas abordados pelo psicanalista e escritor Marcelo Veras na terça, 30, em mais uma edição do Café e Prosa. Marcelo, que é pai de uma de nossas alunas e autor do livro “Selfie, logo existo”, foi o convidado para o debate com as famílias promovido pelo Núcleo de Atuação Psicopedagógica (NAP).

 

 

O psicanalista abriu o bate-papo afirmando que, hoje, temos acesso a muito mais informações que antigamente e um dos grandes desafios é como transmitir o saber. “Um trabalho feito na Inglaterra mostrou que, o que um jovem no século XVI, na Europa feudal, aprendeu durante toda a sua vida, é a mesma quantidade de informações que nossos adolescentes aprendem em um dia. Isso mostra como é difícil transmitir uma unidade de saber nesse mundo completamente dispersivo”, pontuou.

 

Com a crescente entrada no mundo virtual, o volume de dados acessados tende a crescer. Marcelo também destacou que as crianças estão indo rápido demais para os smartphones e outros eletrônicos. “Eles estão aprendendo sobre a tridimensionalidade do mundo através do bidimensional. Nesse momento, é muito mais importante que elas brinquem de massinha”, disse.

 

 

Tamanha presença no mundo virtual, tem levado a sociedade ao que Marcelo chamou de “fracasso da conversação”. Estamos, no mundo contemporâneo, cada vez mais despreparados para o mundo real porque o confundimos o mundo virtual. “É completamente distinto o debate dos ideais, sobretudo políticos e familiares, ao vivo e através do mundo virtual. Todo mundo viu a devastação que foi acreditar que o modelo de conversação que exige corpos presentes, leituras sutis do olhar do outro, vozes, pudesse ser transposto para o WhatsApp, e-mails e por aí vai. Vivemos uma época em que há o excesso do visível, mas eu diria que é o mundo do fracasso da conversação. Acho que o papel da escola e da família é fundamental no momento atual para mostrar como estimular a conversação”, afirmou.