Cresce busca por profissionais que falam Mandarim
30 de junho de 2020
Com o fortalecimento das relações comerciais entre Brasil e China, a procura por profissionais brasileiros que falam Mandarim é cada vez mais comum. Aqui no Anglo, os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental podem aprender o idioma, que já é considerado o 2º mundial, atrás apenas do Inglês. Somos pioneiros na Bahia a inserir a língua chinesa no currículo.
Ao longo de quatro anos, os alunos que optam pelo Mandarim aprendem cerca de 600 hanzi, como são chamados os caracteres chineses. Com as atividades e projetos como a Feira das Línguas Estrangeiras, a turma sai preparada para prestar o Exame de Certificação HSK – nível A, que comprova conhecimento iniciante (A1) e básico (A2).
Leia a matéria publicada pelo Estadão e saiba mais sobre a crescente procura por profissionais que conhecem a língua e a cultura chinesas:
Altos investimentos de negócios da China no Brasil fazem crescer procura por profissional que fala mandarim e entende a cultura chinesa
Gregory Prudenciano – Especial para o Estado
Frequentemente chamada de “língua do futuro”, o mandarim é realidade para um número crescente de profissionais no Brasil. Eles veem no idioma chinês uma oportunidade de expandir horizontes culturais e fisgar vagas em empresas brasileiras e chinesas.
“A demanda por profissionais que falam mandarim é um movimento muito importante e tenho certeza de que isso vai crescer”, diz Rodrigo Ronzella, diretor de Recursos Humanos da CPFL Energia, empresa que em 2017 passou a ser controlada pela chinesa State Grid, a maior do mundo no ramo de distribuição de energia.
O assistente administrativo Carlos Ribeiro, de 27 anos, é exemplo de profissional que teve a vida transformada pelo conhecimento do mandarim. Começou a estudar o idioma aos 20 anos, quando cursava Letras na Universidade de São Paulo (USP). Em 2016, recorreu ao Instituto Confúcio para aprofundar a relação com a língua e a cultura chinesas.
“Em 2017 ganhei uma bolsa de estudos e parti para um ano de intercâmbio na província de Hubei. Voltei no ano passado para o Brasil e fiz outros cursos, como mandarim para negócios”, conta. Há um mês e meio, Carlos foi contratado para trabalhar no escritório paulista da CCTV, principal rede de televisão pública da China.
Na sede do Instituto Confúcio, onde Carlos ainda estuda, outros 600 alunos aprendem diariamente sobre cultura e idioma chineses. Além da sede no Ipiranga, zona sul, o instituto também funciona em diversos campi universitários da Universidade Estadual Paulista (Unesp) no interior do Estado.
Neles, o módulo semestral sai por R$ 750. Como são nove módulos, a formação completa pode levar quatro anos e meio caso o aluno comece do nível mais baixo. Na capital, a Fundação Arnaldo Álvares Penteada (FAAP) também oferece cursos de mandarim para negócios do Instituto Confúcio (R$ 1.200 o módulo).
“Eu acredito que mais da metade dos alunos já faz chinês por razões profissionais. Alguns já trabalham em empresas que fazem negócios com a China, outros são pequenos empresários querendo expandir seus negócios”, diz Luís Antonio Paulino, diretor do Instituto Confúcio na Unesp.
Segundo ele, é comum que empresas chinesas procurem alunos do instituto para preencher vagas. “Esses dias me ligou um grande banco chinês de investimentos querendo indicação. Disseram que queriam gente com conhecimento da língua e da cultura chinesas, não importava o nível”, explica.
A procura das empresas chinesas pelos alunos do Confúcio levou o instituto a organizar uma feira de recrutamento, que acontece desde 2016. No ano passado, segundo o diretor, foram oferecidas 130 vagas na feira e praticamente todas foram preenchidas.
Relação Brasil-China
Maior parceira comercial do Brasil há uma década, a China tem também investido pesado no país. Dados do Ministério da Economia mostram que os investimentos chineses somam US$ 80,5 bilhões entre 2009 e o terceiro trimestre deste ano. Ao todo, 190 empresas chinesas colocaram dinheiro no Brasil na última década.
“São levas de investimento. No começo, eram voltados às commodities. Na fase seguinte se voltaram para o âmbito industrial, como manufatura, montadoras de veículos e fábricas de equipamentos. A terceira leva teve investimento para serviços, com destaque para os grandes bancos chineses. A atual é voltada para a área de energia”, explica Tulio Cariello, coordenador do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), instituição dedicada a promover o diálogo entre empresas dos dois países.
Apesar do cenário favorável para quem busca qualificação profissional com o mandarim, é preciso muita dedicação. “Existem demandas diferentes níveis de língua, mas o desafio ainda é muito grande”, comenta Carlos Ribeiro, que diz hoje estar colhendo os frutos de “uma semente plantada sete anos atrás”. “É tão difícil que te deixa até mais inteligente depois. E eu fui me apaixonando pela cultura chinesa: caligrafia, poesia, filosofia”.
O processo de aproximação cultural é tão importante quanto o aprendizado do idioma, dizem profissionais. Após morar cinco anos no país asiático, o CEO do Lide Chine, José Ricardo dos Santos Luz Jr., diz que tinha dificuldade para encontrar lugar na biblioteca da Universidade de Pequim nas noites de sábado e domingo, sempre cheias.
“Os aspectos mais importantes para entender os chineses são três: planejamento, visão de longo prazo e disciplina”, conta. “Estudar mandarim exige, no mínimo, ter curiosidade sobre o país. Sem essa faísca, é difícil se desenvolver. Mas vale a pema. Minha vida se transformou por causa da China”.