Consciência negra: Conheça grandes nomes da Bahia que fizeram a diferença na sociedade

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Consciência negra: Conheça grandes nomes da Bahia que fizeram a diferença na sociedade

Consciência negra: Conheça grandes nomes da Bahia que fizeram a diferença na sociedade

20 de novembro de 2020

Já dizia a professora e filósofa norte-americana Angela Davis: “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”. Existem muitas formas de colaborar diariamente com a luta antirracista. Neste Dia da Consciência Negra, gostaríamos de destacar uma delas: a importância de conhecer e valorizar a trajetória de personalidades negras que têm ou tiveram um papel fundamental na nossa sociedade. Para dar o pontapé inicial, trouxemos uma pequena lista de grandes nomes, todos nascidos na Bahia. Confira:

Luiz Gama: o escritor e ativista baiano nasceu livre, mas foi vendido como escravo pelo seu pai português aos 10 anos, a fim de pagar dívidas. Escravizado, mudou-se para São Paulo onde fazia serviço doméstico. Aos 17 anos, aprendeu a ler, conquistou a alforria, passou a atuar como rábula (advogado sem diploma) e conseguiu libertar mais de quinhentas pessoas escravizadas, alegando que todo negro chegado ao Brasil após 1831 deveria ser livre, como dizia a Lei Feijó. Em 2018, foi declarado por lei como patrono da abolição da escravidão no Brasil, além de ter o nome inscrito no Livro dos Heróis da Pátria.

Um dos seus poemas mais famosos é “Quem sou eu?”, também conhecido como “Bodarrada”, palavra derivada de “bode”, que era uma gíria para “negro” e “mulato”. Confira um trecho:

“[…] Eu bem sei que sou qual grilo
De maçante e mau estilo;
E que os homens poderosos
Desta arenga receosos
Hão de chamar-me — tarelo,
Bode, negro, Mongibelo;
Porém eu que não me abalo,
Vou tangendo o meu badalo
Com repique impertinente,
Pondo a trote muita gente.
Se negro sou, ou sou bode
Pouco importa. O que isto pode?
Bodes há de toda a casta,
Pois que a espécie é muito vasta.
Há cinzentos, há rajados,
Baios, pampas e malhados,
Bodes negros, bodes brancos,
E, sejamos todos francos,
Uns plebeus, e outros nobres,
Bodes ricos, bodes pobres,
Bodes sábios, importantes,
E também alguns tratantes
Aqui, nesta boa terra
Marram todos, tudo berra […]”

 

Ilustração: Thiago Krening

Luiza Mahin: Alguns estudiosos dizem que ela era africana, pertencente à etnia jeje, e teria sido trazida ao Brasil como negra escravizada. Outros se referem a ela como sendo natural da Bahia e tendo nascido livre por volta de 1812. Mãe de Luiz Gama, Luiza teve papel importante nas principais revoltas e levantes da Bahia do século XIX, como a Revolta dos Malês, ocorrida em 1835. Luiza conseguiu escapar da violenta repressão e partiu para o Rio de Janeiro, onde continuou sua luta em outras rebeliões e, como consequência, foi presa e deportada para a África.

 

Maria Felipa: nascida na ilha de Itaparica, Maria Felipa foi uma das grandes forças baianas na luta pela Independência da Bahia. Muito corajosa e praticante da capoeira, Maria Felipa foi enfermeira e informante durante as batalhas. Em uma das passagens mais famosas de sua vida, ela e um grupo de 40 mulheres deram uma surra de cansanção em soldados portugueses e atearam fogo em 42 embarcações que estavam prestes a atacar Salvador.

 

Milton Santos: Conhecido mundialmente como um dos maiores geógrafos brasileiros, Milton desenvolveu novas compreensões de conceitos como espaço geográfico, lugar, paisagem e região. Em 1994, conquistou o Prêmio Vautrin Lud, o Nobel de Geografia, sendo o único latino-americano a conquistar essa premiação. Tinha um posicionamento crítico à globalização e ao sistema capitalista.

 

Mestre Bimba: Foi o criador da Luta Regional Baiana, que anos mais tarde ficou conhecida como capoeira regional. Graças a ele, a capoeira deixou de ser associada à marginalidade, dando-a um reconhecimento social e cultural. A capoeira regional reúne valores e características tradicionais da antiga capoeira e passos do batuque, uma luta já extinta que Bimba aprendeu com o pai. Ele ainda acrescentou movimentos autorais à luta.

 

Teodoro Sampaio: baiano e filho de uma negra escravizada, Teodoro Sampaio foi engenheiro, geógrafo, escritor, historiador e um dos maiores pensadores brasileiros do seu tempo. Sua bibliografia inclui importantes contribuições sobre os bandeirantes e a formação do território, sobre os rios brasileiros, sobre as pinturas rupestres, os saberes indígenas, além de outros temas históricos e geográficos do Brasil.

 

Mãe Menininha do Gantois: escolhida aos 28 anos para ser Ialorixá (líder feminina) do terreiro do Gantois, em Salvador, Mãe Menininha se destacou ao dar visibilidade ao Candomblé e torná-lo conhecido entre intelectuais e políticos num período em que as celebrações do Candomblé e da Umbanda estavam proibidas. Com sua sabedoria, foi responsável por abrir as portas do Terreiro do Gantois aos brancos e católicos, garantindo mais respeito à religião.