Professor de Língua Portuguesa é aprovado em doutorado com trabalho sobre racismo e a força do rap
30 de junho de 2020
O mundo não para e nossos professores também não! O professor de Língua Portuguesa, Gramática e Redação, Alexandre Pitta, teve sua tese de doutorado aprovada. Alex agora é Doutor em Letras pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Com o título “O rap do fim do mundo: Modernidade tardia brasileira e insurgência nas canções de Criolo e Emicida”, o trabalho aborda uma série de questões relacionadas ao racismo no Brasil e ao rap como forma de denúncia e resistência.
“A formação do Brasil tem como principal eixo a violência, e essa violência tem uma cor. A ideia era observar como o racismo e as diversas formas de manifestar o racismo são estruturais e históricas. Não é apenas uma prática individual. Isso se manifesta, principalmente, a partir do Estado e suas diferentes faces. Seja pela polícia, pelas leis, pela composição dos órgãos governamentais e a relação histórico-colonial, o racismo se perpetua e se manifesta em diversas formas de violência”, explicou Alex.
Em sua tese, Alex aborda, além do trabalho dos cantores e compositores como rappers, suas atuações como cidadãos. “Fiz esse trânsito entre aspectos biográficos e o material produzido para ver as correspondências e contradições. Não podia pegar apenas os textos e ignorar dois sujeitos que estão falando de uma realidade”, ressaltou.
Ele contou ainda que escolheu o rap porque esse estilo musical é uma forma não apenas de denunciar, mas também de mostrar alternativas para o problema social em questão. “Você tem uma lógica de Estado que é considerar negros e negras como alvos. Isso é histórico e, de formas diferentes, sempre ocorreu. Como buscar à força esses espaços é também uma forma de construir possibilidades alternativas e, consequentemente, respostas a essa violência. Uma resposta que não seja apenas sobreviver, mas mostrar toda sua potencialidade, toda sua vida”, disse.
O autor também investigou questões como o encarceramento em massa e o crescente processo de militarização da sociedade que, frequentemente, vitimam um mesmo grupo de pessoas. “Temos uma política de Estado que pode acabar com a vida de milhares de pessoas. Estamos falando de periferia, de um espaço que tenta a todo momento manifestar essa vontade de viver frente à morte. A gente tem faixas etárias distintas, homens e mulheres sofrendo, o homem e a mulher negra estão sendo alvos”, concluiu o professor.
Parabéns, Alex, por se propor a falar sobre um tema que é tão presente e necessita de reflexões e ações urgentes. Em breve, a tese será disponibilizada na íntegra no site do Instituto de Letras da UFBA.